Coração e cabeça dificilmente andam juntos. Nem deveriam. Eles têm funções diferentes. Um para dar limites, o outro para extrapolar barreiras. Um para alertar. O outro para se distrair. E só assim nos mantemos vivos. Até um dos dois parar. A cabeça é a armadura que protege o nosso frágil coração. Só ela é capaz de nos fazer sofrer menos, por meio de muito exercício de lógica e raciocínio. Você vai dizer que isso não funciona para o amor. Pois eu te digo: é a única coisa que funciona contra amores mal correspondidos. A nossa mente é capaz de nos convencer de qualquer coisa. Somos as únicas e as mais interessadas em nos promover o autoconsolo. O problema é saber se você realmente quer (...)
Às vezes a cabeça faz vista grossa e deixa o coração sofrer, porque, no fundo, nos provoca prazer. Esquisito, você vai dizer. Prazer em sofrer? É. Pelo menos se sente alguma coisa. Se escapa do tédio da rotina, da mesmice de só responder às práticas do cotidiano.
Mas há que se ter cuidado. Há cabeças que são muito autoprotetoras e acabam não deixando o coração se apaixonar. Racionalizam antes de sentir, como autodefesa para evitar sofrimentos. Daí, não se sofre. Mas também não se ama.
Por não andarem no mesmo ritmo e tampouco se entenderem ( cabeça x coração) é que a angústia é nossa eterna companheira. Mas é ela, a angústia, que nos leva a pensar, agir, criar. Sair, enfim, da nossa zona de conforto e dar sempre passos adiante.