Control + Alt + Del


   Confesso que eu estava meio travada para fazer outro blog  depois que o último
  ( japiinhajogandodesaltoalto) fez tanto sucesso. Quando fiz, estava inspirada e aí, saiu, fácil e fluido. Mas isso não acontece sempre. Foi aí que me dei conta de uma coisa: depois que a gente vive ou faz algo muito bom, em geral tem medo de se arriscar a fazer de novo, porque provavelmente sairá pior, já que a referência do muito bom ficou muito forte.
É como quando um filme faz muito sucesso e o diretor resolve fazer o II e o III. O primeiro, em geral, é melhor. A mesma coisa com autores de livro. Se o primeiro é um sucesso, pode ter quase certeza de que o segundo não será tão bom assim. Acontece parecido também com namoros e casos. Depois que a gente vive uma grande paixão, fica travada por um tempo, com medo de tentar algo com outra pessoa porque se compara o tempo todo com aquele que já colocamos no pedestal. E tudo parece menor. 
Tem também aquelas situações em que a gente acha um cara que a gente acabou de conhecer é o máximo e aí, pronto, trava. Pane total.
    Por que?
    Porque mais uma vez você está comparando. Mas não com uma versão anterior, e sim, a si mesma. Achou o cara mais interessante, mais bonito e mais descolado do que você. E aí você acaba se mostrando menos interessante ainda do que é ou do que pode ser. Quanta bobagem!
O jeito, nessas horas, é dar um “Control + Alt + Del” em si mesma. Esse é um recurso usado nos PCs quando o computador trava e a gente precisa reiniciar tudo. 
Porque a gente só dá conta de seguir em frente se limpar tudo, dar uma pausa. E aí, ser reinicializar, pronta para um futuro diferente, nem pior, nem melhor. Tem que parar de comparar, perder a referência (Por nos deixarmos perder a referência é comum, de início, se sentir um pouco perdida depois de um caso amoroso que mexeu muito com a gente, por exemplo. Estamos aí no processo de apagar tudo, de digerir, até que a gente tenha limpado o terreno pra algo novo – e diferente entrar).

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

O segredo para encontrar sua alma gêmea...

... é não se deixar enganar pelas aparências.

Quando se conheceram, ela achou o moço fino, educado, gentil. Certinho demais para o seu gosto. Na verdade, o gosto que tinha acostumado a provar, pois nunca tinha se deixado experimentar outros. Acostumada com tipos mais toscos e aparentemente irreverentes, mas no fundo machistas e inseguros, ela sempre se decepcionava. Todas as outras horas que se seguiam fora da cama eram frustrantes. Ela tentava se enganar, achando que a coisa ia melhorar, eles iam se adaptar um ao outro. Se convenceu de que o amor era assim mesmo: sempre desencontrado. E homem era tudo igual, não adiantava mudar de namorado. Apesar de no fundo ser uma romântica com 'R' maiúsculo, ela criou uma maneira sarcástica de falar de amor, como se o romantismo fosse uma piada barata, uma lenda que suas avós e a mãe contaram. O sonho virou ironia, e esta passou a ser personagem principal de seu repertório.
Quando se conheceram, ele achou a moça independente demais para os seus parâmetros. Boca aberta, metida a sabichona. Segura de si ao ponto de parecer auto-suficiente. “Ela não deve querer ter filhos, provavelmente abomina casamentos e qualquer outra regra social." Ok, no mínimo, se tornaria uma boa companheira de balada, ou de mesa de bar. De quebra, talvez lhe apresentasse alguma amiga mais doce.
Não sei se foi o momento ou a maturidade. Talvez porque já estavam cansados de tanto atropelo, de se esbarrar em tantos enganos. E não tinham mais nada a perder. O fato é que se deram a chance de se encontrar uma segunda vez. E foi aí , entre um papo frívolo e outro, que seus olhos de repente, por um segundo se encontraram. E brilharam. Ele notou. Ela teve certeza. Eles sentiram. Havia algo ali. Algo especial. 
O moço que parecia fino, era fino mesmo. Mas nem por isso careta, enquadrado ou bobão. Era dono de uma segurança tamanha que não sentia necessidade de expôr seu vigor de imediato. Aos poucos, ia se mostrando um tanto quanto aventureiro, e avesso a tantas regras do mundo. As mesmas regras que a moça não via graça. E se a princípio tentou impressionar pela caretice, deixou de lado os conceitos previamente aprovados por moças mais pudicas, e se revelou tão divertido, que nem ele mesmo acreditava. De acanhado, virou piadista. 
Ela, que parecia dona de si, foi removendo as barreiras, e aos poucos foi ficando tão feminina, que se espantou com sua própria delicadeza. Ouvindo as histórias e idéias do moço ainda desconhecido, pensou em casamento e filhos. Ficou com saudade da sua família, escondida lá na cidade natal que havia deixado para fugir da sua própria história. Só para descobrir que ela poderia ser diferente, mas que assim seria menos feliz. O casal de repente se viu frente a frente com a falta de obviedade do ser humano. Surpresos e desnorteados por todos os conceitos que haviam moldado para si, desfizeram planos, reorganizaram cotidianos. Aos poucos, foram se mostrando tão contrários ao estereótipo que eles próprios haviam se encaixado, que não os deixava enxergar nem o seu verdadeiro rosto no espelho. Entraram em contato com aquela parte intocada até o momento, que eles inconscientemente haviam reservado para algum ser especial que eventualmente aparecesse para desmascará-los. E finalmente enxergaram aquilo que não tem rótulo, nem tipo pré-construído. Aquilo que vai além das aparências. 
Estão prestes a se casar, e nunca se viram tão felizes, parceiros opostos ao que pensavam de si mesmos, e no fundo tão parecidos com o que gostariam de ser e nunca haviam se dado a chance de ouvir.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS